sábado, 17 de agosto de 2013

15º dia - 17 de Agosto de 2013

5h… O dia começou com o ruído das panelas,  odores de comida, falares e muitas risadas femininas. Eram as jovens e mulheres a iniciarem a preparação do almoço. Este em homenagem ao Padre Dehon,  com partilha de sabores europeus e africanos.



6h30 – Levantamo-nos cedinho (como sempre)  porque tínhamos um longo e agreste dia pela frente.
7h00 – Tomámos o pequeno almoço (reforçado, com papas maizena) sós porque os  três padres da missão já tinham partido cedo para as comunidades.
7h30 às 13h30 -  Começámos logo a trabalhar  que nem “negros” na preparação  do almoço, hamburgers de atum, pizza, bolo de tangerina (fruta da época) e Ice tea (feito com chá do Gurué). Uma ementa pensada pelo Chef Perry (“Pesadelos do Chef Ramsay em África”) e que orientou o trabalho árduo na cozinha.
Na rua, as mulheres continuavam a confeccionar o almoço africano, frango guisado e assado no churrasco, arroz branco e arroz rosado, massa, feijão, eshima de mandioca (milho cozido esverdeado)  intiqua (um género de esparregado, folhas de mandioca, com camarões e coco),  motxorro (rato do mato).



Andávamos todos numa grande azáfama  quer os voluntários (que trabalhámos que nem negros) quer os locais (grupo de jovens do centro Juvenil) mas como em todos os grupos, há sempre um elemento que faz que trabalha muito porém sempre surge afazeres desaparece ou faz que não percebe que é preciso cooperar.

 Elsa  

Carlos, o cozinheiro cá de casa.

Do outro lado da casa, no salão (onde celebra-se a missa em dias festivos) organizámos as mesas e cadeiras efetuando a decoração e as mesas para o bufete de 180 pessoas. Como perante Deus, todos os homens são iguais, só na Terra é que há pretos e brancos, não houve mesa de honra.
13h30-15h - Assim, durante o almoço as pessoas sentaram-se onde quiseram. Os locais (aperaltados) serviram os pratos confeccionados por eles e nós servimos os  nossos a todos os convidados. Observei que os africanos enchem os pratos de comida (uma autentica pirâmide)  porque só fazem duas refeições por dia à exceção do “mata-bicho” (pequeno almoço).




Por fim, as “serveuses” Graça, Diamantina, Nanda, Cheila, Ceci, e o Nuno e Elsa,  sentaram-se ao lado do Presidente Justino (sorridente e com uma alegria contagiante) e almoçaram da mesma forma que os locais, comemos com as mãos (o Justino tinha um garfo de plástico cor de rosa) e de tudo o que tinhámos direito, incluindo o motxorro que todos estávamos ansiosos por provar, exceto a Ana Paula, que disse-nos que só tinha penicado um pedacinho da comida europeia.
Devo dizer que o motxorro foi preparado mesmo para nós provarmos, (não é o tempo do rato do mato) este tem um sabor parecido com a codorniz. A Diamantina disse que sabia-lhe a torresmos. Acrescento que comemos sem pêlos porque eles comem tudo, pêlos, carne e ossos, não escapa nadinha.

A Dionísia a tirar os pêlos do rato do mato.


Uma primeira trinca.

Reparei que na mesa dos pequeninos, da Escolinha, os pratos estavam cheiissímos de comida e eles só bebiam o sumo “Ceres” e comiam o rebuçado, na comida nem tocavam. Nenhum encarregado de educação, sentado e a marfar, socorria o seu filho.
Mais tarde olhei e notei que na mesa já não havia pratos com comida. O que se passou? A situação que presenciei e que relato também acontece na nossa terra. Os pais ficam com a comida dos fedelhos.
Enquanto arrumavam e limpavam o salão, para o espectáculo, os pais e filhos foram inaugurar a Escolinha, agora a “Sala dos Sonhos”, um projecto concebido pela Cheila e Cici. As duas estão de parabéns pelo trabalho que deixam aqui no Alto-Molócuè. Quando as crianças entraram mostraram umas carinhas de admiração e felicidade por terem tantos brinquedos entre outros objectos. O Dino e o Sérgio explicaram aos pais o funcionamento da sala e segundo a Cheila, o Dino tem muita vocação com as crianças, sabe muito bem lidar com elas e o Sérgio foi um excelente orador perante os pais.


 

15h-18h – Decorreram as actividades preparadas pelos jovens, sendo o apresentador o Justino, um jovem com futuro na politica porque tem uma lábia de bradar aos céus. Nesse espectáculo, sobressaiu a música e a dança como era de esperar em África. A sala estava cheia e todos dançaram, crianças e adolescentes, mexendo de forma sensual e cativante a anca, como sabem todos os africanos. De entre todos os grupos, sobressaíram os seguintes: “Os Putos da Rebolation”, uma boys band dançante, “As Fofas da Rebolation” e o grupo Coral “O Religioso”, quatro rapazes, que puseram toda a sala  em euforia.




18h30 -  As vésperas.
19h15 - Durante o jantar fizemos o balanço do dia, o qual foi bastante gratificante para todos os participantes.
19h35 - Como estávamos exaustos, o Pe. Juan, Nuno e Elsa, e Ana Paula, foram imediatamente para a cama, porém as resistentes ainda ficaram para um dedinho de bilhardice até às 22h30.

Graça Dias

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